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A Reinvenção das Distribuidoras Audiovisuais

Publicado em: 16/09/2022

O mercado de trabalho e suas tendências estão sempre em constante transformação. Ultimamente muito tem se falado sobre a morte do intermediário. Tradicionalmente uma empresa produz um produto e este é distribuído e vendido por uma segunda empresa para o consumidor final. No ramo do audiovisual, a morte do intermediário, significaria o fim dos distribuidores. O que soa um tanto quanto alarmista. Todavia a aceleração digital proporcionada pela pandemia forçou as distribuidoras e as produtoras de conteúdo audiovisual a uma reinvenção. E buscando isso lemos a matéria do Observatório Itaú “Impactos gerados pela Covid-19 aceleram mudanças que estavam em curso no setor audiovisual”.

 

Empresas como a Disney resolveram se tornar também distribuidoras. As plataformas de streaming se tornaram uma alternativa para uma distribuição extremamente abrangente. O que faz sentido se pensarmos que durante a Pandemia o consumo de streaming nos Estados Unidos cresceu 85%, segundo a Nielsen, enquanto as salas de cinema enfrentaram a sua maior crise da história, o que fez a Cinemark demitiu cerca de 17 mil funcionários e a AMG demitiu 26 mil. Sem falar nas distribuidoras que se viram impedidas de fazer o meio de campo entre as produtoras e as distribuidoras. E quando o filme “Trolls 2” estreou no streaming como VOD Premium, custando o aluguel de 19,90 dólares por dois dias e em três semanas faturou 100 milhões de dólares, os executivos de Hollywood devem ter coçado suas barbas. Já que este é um bom número até mesmo se comparado com a estreia do primeiro filme da franquia nas salas de cinema, que faturou 98 milhões de dólares em duas semanas. Enquanto isso, as distribuidoras devem ter respirado fundo com a necessidade de se reinventar.

 

Segundo Silva Cruz, dona da distribuidora Vitrine Filmes, alega: “a distribuição, na minha visão, não vai encolher. Aqueles que continuarem no mercado vão expandir a sua forma de atuação” e ainda ressalta que a distribuição deverá se tornar mais especializada, se aproximando da ideia de curadoria. E talvez este impacto seja sentido principalmente nas produtoras e distribuidoras menores, uma vez que as salas de cinema sempre precisaram de blockbuster para se pagarem. Todavia o destino dos grandes títulos parecem nublados agora. Talvez estreias multi-plataforma se tornem comuns, talvez outro modelo apareça. Não há como ter certeza. “ Nesse novo cenário, os filmes independentes, que já ficavam espremidos no circuito dominado pelos blockbusters, devem ter ainda mais dificuldades. Cabe lembrar que cerca de 20 megaproduções anuais – muitas delas franquias – é que fazem a roda da indústria girar”

 

As plataformas de streaming ainda não foram reguladas no mercado brasileiro, muitas coisas ainda são incertas. Todavia já existem produtoras e distribuidoras vendendo catálogos inteiros de 10, 20 anos. E sempre fora função das distribuidoras pensar e executar a melhor estratégia para vida útil dos filmes e atualmente essa estratégia ganhou novos níveis de complexidade tanto para filmes independentes e blockbuster. E será preciso inovar nos novos modelos de negócio e experiências de consumo, como Silvia ressalta: "Acredito que uma tendência são as salas localizadas em centros culturais, em museus, em espaços que têm outras possibilidades para se manter que não apenas a bilheteria. No Brasil, ainda são poucos os lugares assim. Mas, na Europa, eles são comuns. Esses espaços pagam para o distribuidor um valor fixo, ou seja, não vinculado à renda do filme. A exibição nesses espaços comporta debates e filmes longos, que não cabem no circuito comercial”.

 

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